Embora existam muitos mitos em relação ao ensino bilíngue, é recomendado que ela comece desde a infância. A aprendizagem de mais de um idioma na primeira infância é considerada uma prática saudável e benéfica para o desenvolvimento cognitivo, social e emocional das crianças.
Como o ensino bilíngue envolve o uso de dois idiomas no processo de ensino e aprendizagem, as crianças podem adquirir e usar as duas línguas com facilidade e fluência, desde que sejam expostas a ambas desde cedo.
Os programas de educação bilíngue na primeira infância geralmente envolvem imersão em ambas as línguas, com professores que falam mais de um idioma e atividades que incentivam o aprendizado e a prática das línguas.
Dessa forma, é importante que o programa seja bem estruturado e planejado para garantir que as crianças aprendam de forma eficaz e possam desenvolver habilidades sólidas em ambas as línguas. Entenda a seguir os benefícios do ensino bilíngue para as crianças!
Quais os motivos para trabalhar a educação bilíngue na primeira infância?
O processo de aquisição de linguagem é maior na infância
As crianças conseguem assimilar melhor uma segunda língua porque seu processo de aquisição de linguagem é mais avançado do que nos adultos. Isso porque, de maneira resumida, existem duas formas de definir o processo cognitivo da língua: por meio da aprendizagem e por meio da aquisição.
Segundo a teoria de Krashen (1982), a aprendizagem significa o estudo formal – ou seja, o processo de receber informações e se esforçar intelectualmente para transformá-las em conhecimento.
Já o processo de aquisição refere-se a habilidade de assimilar ideias de forma natural em em situações cotidianas e por meio de interações humanas. Nesse sentido, as crianças e adolescentes estão muito à frente dos adultos, pois têm mais capacidade de aquisição de linguagem do que os mais velhos.
Afinal, quando se fala em alcançar a proficiência do inglês, por exemplo, é o processo de aquisição que deve ocorrer. Isso porque ela está mais próxima do que chamamos de fluência numa segunda língua, que, em suma, resume-se às habilidades de fala, escrita, escuta e leitura.
O cérebro das crianças está mais preparado
Outro motivo para priorizar o ensino do inglês durante a infância é que, neste momento da vida, as crianças têm os dois hemisférios do cérebro ligados um ao outro. Em resumo, o cérebro humano é dividido por dois lados funcionais: o hemisfério direito e o hemisfério esquerdo.
O hemisfério direito é responsável pela perspectiva artística do cérebro, ou seja, ele observa e, em seguida, interpreta as situações do cotidiano. Por isso, está ligado à criatividade, à intuição e outros sinais sensoriais.
Enquanto isso, o hemisfério esquerdo é responsável por ações mais detalhadas, pois está ligado ao raciocínio lógico e, consequentemente, à aprendizagem lógica.
Entre os 7 e 11 anos de idade, por exemplo, esse dois lados do cérebro das crianças estão mais interligados, tendo, portanto, mais facilidade para adquirir conhecimentos de forma natural.
Afinal, a lateralização, ou seja, a divisão do cérebro faz com que haja mais predominância de um lado do que o outro – principalmente quando os dois não são estimulados igualmente, algo comum durante a vida adulta.
Dessa forma, as crianças estão mais predispostas a desenvolverem suas habilidades linguísticas de forma natural e integral, sem uma memorização ou acumulação de conhecimentos, mas por meio das experiências de mundo, em situações reais de uso da língua.
No entanto, não são apenas as condições biológicas que influenciam na maneira de aprender um idioma. Afinal, fatores psicológicos também podem afetar nossa capacidade de aprender uma língua.
As crianças, como estão no começo de suas vidas, costumam ter mais sensibilidade diante de novos conhecimentos. Portanto, elas são mais curiosas para descobrir o mundo – o que também favorece a aprendizagem no ambiente onde elas se situam.
Leia também: Confira 7 mitos e verdades sobre o ensino bilíngue na Educação Infantil
A educação bilíngue promove habilidades socioemocionais nas crianças
As habilidades socioemocionais incluem a capacidade de se comunicar efetivamente com os outros, trabalhar em equipe, resolver problemas, tomar decisões, gerenciar emoções, ter empatia e, sobretudo, ser culturalmente consciente.
A educação bilíngue pode ajudar a desenvolver essas habilidades, pois as crianças precisam ser capazes de alternar entre dois idiomas, o que requer:
- compreensão profunda da comunicação;
- respeito pela diversidade linguística e cultural;
- adaptabilidade.
Ademais, o bilinguismo permite que as crianças se comuniquem com pessoas de diferentes origens e culturas, promovendo mais consciência e tolerância em relação ao próximo.
Portanto, trabalhar o aprendizado bilíngue é também trabalhar o pluriculturalismo, ou seja, promover futuros adultos mais preparados para lidar com o mundo e com as pessoas diferentes.
Tipos de programas de educação bilíngue
Em suma, um programa de educação bilíngue é um modelo de ensino que tem como objetivo desenvolver a proficiência em duas línguas durante o processo de aprendizagem.
Geralmente, o programa oferece instrução em duas línguas, uma língua materna e uma segunda língua, ao longo de todo o currículo escolar.
Além disso, os programas podem ser imersivos, onde toda a instrução é realizada em ambas as línguas, ou podem ter aulas específicas em cada língua, dependendo da abordagem escolhida.
Assim, o programa bilíngue pode acontecer por meio de dois principais tipos de abordagem. Confira a seguir!
Escolas internacionais multilíngues
Essas escolas normalmente utilizam um currículo que permite que os alunos estudem em dois, três ou quatro idiomas.
As aulas são ministradas primeiramente na língua materna, se esta for francês, alemão, italiano ou inglês, e, posteriormente, uma segunda língua é estudada até que a criança seja instruída diariamente com conteúdos das demais línguas.
Essas escolas geralmente oferecem certificações internacionais reconhecidas em diferentes partes do mundo, como o International Baccalaureate (IB), programa educacional que tem o intuito de formar jovens e adolescentes em cidadãos globais.
Educação bilíngue por imersão
O programa de imersão bilíngue é uma abordagem de ensino que tem como objetivo proporcionar aos alunos um ambiente de aprendizagem que promova a fluência em uma segunda língua, de maneira natural e orgânica.
Nesse tipo de programa, o aluno é exposto a situações cotidianas em que a língua-alvo é utilizada, como conversas, jogos, atividades e projetos pedagógicos em que a língua estrangeira é usada como meio de comunicação.
Esse tipo de programa pode ser utilizado em diferentes níveis de ensino, desde a educação infantil até o Ensino Médio. Segundo os autores Harmers e Blanc (2000), ela pode ser dividida em:
- imersão inicial total — neste método, as crianças são expostas totalmente a um segundo idioma no início da educação infantil, em todas as áreas de ensino, incluindo Matemática, Ciências, Artes e Estudos sociais. Isso geralmente ocorre a partir dos três anos de idade. Depois, a língua materna é introduzida nos estudos até que ambas as línguas tenham o mesmo tempo de conteúdo;
- imersão inicial parcial — já neste método as crianças são expostas em conteúdos de ambas as línguas desde a educação infantil;
- imersão tardia — por fim, este é um método educacional que visa ensinar conteúdos da língua materna apenas no ensino médio, após uma educação tradicional na segunda língua.
Este artigo foi útil para você entender a importância do bilinguismo na infância? Se você deseja conhecer mais sobre a educação bilíngue, não deixe de conferir outros conteúdos relacionados no blog do High Five.
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