Ter uma segunda língua no currículo deixou de ser um diferencial para se tornar uma exigência nos últimos anos. Nesse sentido, o bilinguismo tem sido tema de debate na educação, sobretudo no que se refere ao ensino do inglês. Mas, um professor iniciante pode atuar nessa área?
Para o professor que procura uma área de atuação, a educação bilíngue pode ser uma boa opção. Mas, para isso, não basta falar inglês: é essencial entender também como atuar na sala de aula sob uma perspectiva bilíngue.
Considerando que mais de 70% dos alunos da Educação Básica no Brasil têm aulas de inglês com professores sem formação adequada, a qualificação é um importante diferencial para o professor. Entenda melhor a seguir.
Como um professor iniciante pode atuar na educação bilíngue?
Se você deseja atuar com ensino bilíngue, confira, a seguir, cinco orientações do High Five para você se destacar.
1. Obtenha as certificações necessárias
O professor iniciante que deseja atuar com educação bilíngue precisa se adequar às diretrizes do Ministério da Educação (MEC) quanto à formação para lecionar nesse formato de instituição de ensino.
Nesse sentido, para os professores com formação iniciada a partir de 2022, o MEC estabelece:
- Educação Infantil e Ensino Fundamental – Anos Iniciais: formação em Pedagogia para Educação Bilíngue e/ou Letras para Educação Bilíngue. Além disso, ter comprovação de proficiência de nível mínimo B2 no Common European Framework for Languages (CEFR).
- Ensino Fundamental – Anos Finais e Ensino Médio: graduação em Letras ou Letras para Educação Bilíngue e, no caso de outras disciplinas do currículo, licenciatura na área curricular em que atua na Educação Básica. Ademais, é necessário ter comprovação de proficiência de nível mínimo B2 no CEFR.
Por fim, também é preciso ter formação complementar em Educação Bilíngue de 120h, que pode ser pós-graduação lato sensu, mestrado ou doutorado reconhecidos pelo MEC — exceto para professores com formação em Letras para Educação Bilíngue.
Ou seja, o professor iniciante que tem apenas a formação em Letras ou Pedagogia precisa buscar cursos e capacitações para atuar com ensino de língua adicional. Como as qualificações demandam tempo e investimento financeiro, é válido elaborar um planejamento.
O que é CEFR?
Também chamado de Quadro Comum Europeu de Referência para Língua, o CEFR é uma escala europeia utilizada internacionalmente para definir a proficiência em mais de 40 idiomas diferentes. Ou seja, não é um teste específico de proficiência, mas sim, uma espécie de parâmetro.
Ao todo, o Common European Framework for Languages possui seis níveis de proficiência, divididos em básico, independente e proficiente. Para atestar o nível do CEFR, é necessário realizar teste padronizado e alinhado à escala.
2. Utilize materiais interativos e lúdicos na sala de aula
Assim como no ensino-aprendizagem da língua materna, a educação bilíngue exige a utilização de materiais didáticos lúdicos e interativos para enriquecer as aulas e torná-las interessantes. Isso pode ser feito por meio de filmes, músicas, jogos digitais, entre outros recursos.
Porém, o professor iniciante precisa entender que esses materiais devem estar alinhados e integrados ao segundo idioma. Afinal, o aluno precisa desenvolver competências e habilidades linguísticas e acadêmicas na língua adicional.
Além disso, o professor iniciante precisa trabalhar com conteúdos que contribuem para a construção da bagagem sociocultural do aluno, pois o ensino-aprendizagem na educação bilíngue envolve também a valorização dos saberes e vivências culturais.
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3. Esteja aberto à mudanças
Começar a atuar na educação bilíngue exige adaptabilidade e abertura para mudanças. Afinal, o professor iniciante precisa mudar como um todo a maneira como leciona na sala de aula, tanto no quesito pedagógico, como curricular.
Por exemplo, um professor de matemática do Ensino Fundamental que vai atuar com educação bilíngue precisa adaptar as aulas sobre porcentagem, geometria e afins no idioma que se pretende ensinar. Do mesmo modo, os docentes da Educação Infantil precisam se adaptar ao biletramento.
Essa transição pode ser ainda mais difícil para um professor cuja formação seja baseada nos modelos tradicionais de ensino. Por isso, ter a habilidade de se adaptar ao novo precisa ser desenvolvida desde o primeiro momento.
Além disso, é necessário entender que os alunos do século XXI enfrentam novos desafios e a educação precisa prepará-los para essa realidade. Por isso, é fundamental oferecer uma formação integral na língua adicional, de modo que contemple todas as dimensões formativas dos estudantes.
4. Conheça metodologias de ensino de segunda língua
Algumas abordagens pedagógicas do ensino regular podem ser adaptadas para a educação bilíngue, como a sala de aula invertida e a gamificação. Contudo, as escolas bilíngues também atuam com metodologias voltadas especificamente para ensino da língua adicional.
É o caso do Content and Language Integrated Learning (CLIL), abordagem de ensino-aprendizagem em que as aulas regulares (artes e ciências, por exemplo) acontecem por meio de um segundo idioma. Nesse sentido, o professor iniciante pode fazer um curso de formação para entender como aplicar essa e outras metodologias de ensino bilíngue na sala de aula.
Na educação bilíngue, o aluno precisa desenvolver habilidades cognitivas em dois idiomas. Por isso, o professor precisa entender quais técnicas e abordagens utilizar para que esse processo aconteça corretamente.
Vale ressaltar que, independentemente da abordagem para aquisição de linguagem em segunda língua escolhida pelo professor ou escola, as aulas na educação bilíngue precisam estar alinhadas às diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a Educação Básica.
5. Não deixe a formação continuada de lado
O professor iniciante precisa entender que ele não deve parar de se qualificar, seja no idioma, seja nas abordagens e metodologias pedagógicas. A educação está em constante mudança, por isso é necessário se adaptar às tendências da área que irão surgir.
A tecnologia, por exemplo, impacta a educação de diversas maneiras. Nesse sentido, o professor precisa aprender como utilizar ferramentas tecnológicas em uma perspectiva de educação bilíngue.
Ademais, a qualificação no idioma não deve parar no nível mínimo de proficiência exigido pelo MEC. A expectativa é que uma segunda língua, como o inglês, seja cada vez mais exigida nos próximos anos. Isso requer professores altamente capacitados, capazes de preparar os cidadãos do futuro.
A formação continuada proporciona benefícios tanto para os alunos, quanto para o próprio professor. Mesmo que o docente realize cursos e capacitações voltados para a educação bilíngue, o aprendizado constante precisa ser estimulado ao decorrer de toda a carreira.
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